Poderia eu
escrever-lhes sobre um tema inédito em virtude da data que se avizinha. Desde
já, deixo, às claras, que não procederei assim: porque o Ilustre Nazareno já
povoa os meus pensamentos e textos durante todo o ano. Confesso, é verdade, que
estou muito longe de compreendê-Lo. Suas palavras tão singelas entrechocam-se
com a minha tímida evolução e num exame sincero de consciência, reconheço que
ainda não sou digno de me considerar um dos Seus discípulos, pois ainda não
tenho em mim o amor que possibilita renunciar ao ego em prol dos irmãos de
caminhada. De maneira alguma, desejo uma aparência, cujos meus atos não
mereçam. Do que me adianta, chamar-Lhe pelo nome, se não cumpro,
obstinadamente, a Lei da Caridade ditada no épico Sermão da Montanha? Ensina-me,
Inesquecível Mestre, a ser humilde e fraterno a ponto de me calar diante da
palavra ferina e de “desejar ao próximo, apenas, aquilo que desejo para
mim”.
Enquanto, nascem essas
palavras, recordo-me da compaixão que o Senhor devotou aos que tinham os dedos
da sociedade apontados para si. Feliz exemplo, e, maior não poderia haver, é o
de Maria de Magdala - jovem faceira, conhecida pela fama de vida fácil – que a
Sua alma angelical, despida dos gozos profanos – conseguiu arrebatar para
tarefa redentora. Mais tarde, essa mesma mulher, profundamente tocada pelo grau
de transcendência das parábolas contadas no cenário fascinante da Galiléia,
serviu-Lhe de inspiração para advertir aos 12 apóstolos quanto à necessidade
premente do amor, cuja encantadora moça já vibrava no momento em que Lhe
enxugou os pés.
E quando materializou o
Seu perispírito, para dar a prova irrefutável da imortalidade da alma e da
transitoriedade do corpo físico, foi a quem que o Senhor escolheu como testemunha
da revelação? Sacerdotes? Fiéis religiosos? Mercadores do sagrado? Não! Optou
por Maria de Magdala e utilizou-se do poderoso ectoplasma que ela emanava no
ápice das suas faculdades mediúnicas. É emblemático: o primeiro coração a ser
acalmado, após o calvário da cruz, foi o de uma mulher que, nos dias de hoje,
também seria julgada pelo dogmatismo dos templos, ornados pelas luzes
midiáticas, mas esquecidos de “dar com a mão esquerda e esconder da direita”.
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