quinta-feira, 12 de março de 2015

Chico, o menino e o trem

Ah, a santa paciência! Pelo exemplo dos que já são íntimos de tamanha virtude, vem o convite amigável para que ingressemos nesse terreno de bondade: a esfera daqueles que aprenderam a esperar pelo próximo.

Viagem perdida?

  Conta o ditado popular que o mineiro nunca perde o trem. Mas, naquele dia, foi preciso quebrar a máxima. E era por uma boa causa.

  Chico Xavier encontrava-se, na estação, à espera da locomotiva, já em atraso. Ansiosa, a meiga alma fitava o relógio. Não queria perder o compromisso. Eis que a máquina encarrilhada veio, ao longe, dando o ar de sua graça; e ele, antes afoito, respirou aliviado. O embarque era certo. Quem se atrasou foi a lotação. O passageiro, pontualíssimo, não tinha nada com isso. A reunião corria riscos de ser perdida diziam os ponteiros do tempo, contudo o trem... Jamais!

  Será?

  Com o pé ‘quase’ dentro do vagão, o médium inesquecível ouviu o chamado de uma criança: - Chico! Chico! Chico!...

  Quanta dúvida! Atenderia o pequenino ou subiria na máquina a vapor, a apressada da vez?

   O coração delicado do notável mineiro não resistiu. O jogo de paciência para seguir viagem foi ignorado. O apelo do menino de 5 anos falou alto na harpa dos sentimentos de quem sabia recitar, com gestos, o verbo amar, muito mais do que, apenas, conjugá-lo de maneira automática.  Ocorreu, então, o abraço. A criaturinha chorou, dizendo que o amava. Deu beijos. Pediu autógrafo. A mãe, enternecida, agradeceu. Contou também de sua admiração e, após breve diálogo, seguiu o seu rumo com o filho ao lado.

  Passada a cena, vivida em plenitude, Emmanuel surgiu.

  – Como vai, Chico?

  – Perdi o trem, respondeu o inquerido, sorrindo.

  O venerável mentor assim falou:

- Perdeu o trem, é verdade, mas ganhou saúde para a próxima década. Se você prestasse atenção, veria a irradiação luminosa com que aquele menino lhe envolveu. Do coração dele saiu uma dose de amor tão vasta que as células do seu corpo físico e o tecido sutil do seu perispírito se beneficiaram imediatamente.

Naquele dia, Chico Xavier aprendeu que perder o trem não era tão ruim. Aliás, ele não perdeu. Deixou que passasse por um serviço divino. Fica, então, a pergunta: e nós, o que temos adiado para atendermos o outro ou observarmos a vida? A criança que sorri, à tarde, pode fechar os lábios no romper da noite. A flor linda, no alvorecer, talvez, recolha-se na despedida do sol. O perfume exalado agora... Em instantes, o vento leva. E a tristeza, se não consolada hoje, arvora-se em depressão no amanhã.


É, pois, a beneficência a ‘ciência de fazer o bem’. Uma ciência tão importante que, no ato de doação incondicional ao semelhante, o nosso sistema celular, devido à elevação dos pensamentos, produz fótons (átomos de luz) que ‘higienizam’ o organismo, livrando-o da carga excessiva de toxinas e de outras mazelas, atreladas, há muitas encarnações, ao corpo espiritual. 

Como diria João Evangelista: "Só o amor...".

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