domingo, 5 de abril de 2015

O Evangelho é trabalho com mãos próprias

    Atormentado pelas aparentes derrotas da vida, o homem maldiz a própria sorte, nem que seja no primeiro lampejo do pensamento, ato contínuo à apresentação de qualquer problema, novo ou velho. A atitude viciada, apesar do fator de desequilíbrio, é normalíssima se levado em conta o estágio dos espíritos encarnados na Terra. Por hora, enamoramos a fé que nos impulsiona às conquistas de títulos acadêmicos, honrarias diplomáticas, glórias industriais e aplausos midiáticos; todavia, a fé de origem divina, capaz de produzir pérolas da caridade, conhecemo-la, tão-somente, através de flertes.
     Sentindo-se traída pelo destino, a criatura ignora a árvore frondosa, da qual sempre se alimentou, para reclamar, aos céus, do primeiro fruto ruim que acaba de colher. Por isso, exorta-nos Emmanuel a observar "as vozes inarticuladas da vida", cujas mensagens sublimares são recitadas, a cada milésimo, pari passo, ao relógio incansável da Natureza. Todos os elementos da criação infinita (no espaço ou na Terra) dão exemplo de vida, pois cada um, em modo particular, entoa o versículo evangélico, que os corações do mundo ainda não compreenderam: "Eu não vim para ser servido, mas para servir"(Jesus).
  Esperando uma salvação, de fora para dentro, o homem põe, novamente, o peso do madeiro da cruz sobre os ombros do Cristo e nega-se ao serviço de elevação da alma. O religioso assim age por acreditar que foi criado sob o rótulo do pecado e há 2015 anos, Jesus o redimiu de algo que o homem – da atualidade – não poderia ter culpa. Daí, muitos cristãos, sob os auspícios do dogma, condenam a assertiva: "fora da caridade, não há salvação" e fazem do Evangelho um artigo qualquer, sem notar que o documento divino, de tão fundamental, foi assinado pelo autor com o seu próprio sangue. Em sua humildade celestial, o Notável Rabi da Galiléia pediu aos seus discípulos a divulgação da Boa Nova, e não, que saíssem, pelas vielas da vida, exortando o sofrimento do calvário. Ao ser perguntado pelos fariseus, quando viria o Reino de Deus, Jesus os respondeu - "O Reino de Deus não vem de modo visível (Lucas. 17:21), nem lhe dirão: "Vede aqui ou ali, pois o Reino de Deus está dentro de vós (Lucas. 17:22).

   Os fariseus, doutos da linguagem materialista, não concebiam uma mensagem puramente espiritual. As parábolas do Cristo careciam, para eles, de argamassa a fim de que pudessem juntar as pedras e inaugurar a fortaleza divina; o recado, de tão sutil, porém, passou despercebido pelos corações, conclamados a edificar "no templo interno abandonado – a mais alta de todas as capelas". (Auta de Souza, a poetisa do Evangelho, por Chico Xavier). 

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