segunda-feira, 22 de junho de 2015

Religião, ciência, espiritualidade e materialismo...

   Enquanto muitos gritam "meu Deus", Jesus – sem fundar religiões – nos ensinou o "Pai Nosso". Alheio à lei de solidariedade que rege todos os fenômenos da vida: dos seres microscópicos ao movimento das mais belas galáxias, o homem, até hoje, tenta entrincheirar Deus nos limites de um livro, de tribos e templos. Vivemos egoisticamente como se fôssemos privilegiados perante o Todo-Sábio. Adoramos ser "os eleitos", "os escolhidos", "os ungidos", mesmo, ainda preguiçosos, para carregar um brilho de amor no coração. Por agirmos assim, louvando a Deus dentro de construções de pedras, e ignorando-O nas ruas, temos "naufragado mil vezes". 

   Em nome do Cristo e de outros, já produzimos guerras, fome e doenças. Há gente empunhando armas, “a mando de Deus”, como se pudessem agradá-Lo, importunando a Sua magnífica obra. Daí, nas palavras indignadas de Charlie Chaplin "um homem que mata outro homem é um assassino, mas o que mata uma multidão é considerado herói". Deve ter algo de errado nisso, não na primeira oração, mas na segunda... Tem sempre uma massa chorando, e alguém vendendo lenço. O ódio, o preconceito e o desejo de vingança estão cercados de interesses escusos. Se a brutalidade social, financeira e política fosse ruim para todo mundo, o terror já teria acabado. Logo, é verossímil pensar que há gente se regozijando com o sofrimento alheio.

    O materialismo invadiu os sistemas econômico, educacional e também as religiões. A Humanidade, por acreditar, séculos e séculos, nele criou um modelo cruel de sociedade. A ciência e a religião se afastaram como se ambas fossem forças contrárias. Nos templos, surgiram fanáticos que para defender leituras fundamentalistas contrariam, até agora, as Leis da Natureza, alimentando mistificações; por outro lado, nos laboratórios, os cientistas, em vez de se reconhecerem como reveladores das leis naturais, intitularam-se, cheios de soberba, em filhos do “acaso” – o mesmo que manteve “o equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada do núcleo do Sistema Solar, conferindo-lhe um conjunto de leis matemáticas, dentro das quais se iam manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, por milênios e milênios” (Emmanuel, em A Caminho da Luz). Ou seja, um efeito de incomensurável sabedoria produzido pelo “nada”.

    Os cientistas são, em verdade, “sacerdotes do Espírito”, mesmo à revelia, trabalham para o Criador. Obedecendo à Lei de Progresso, missionários da Física, da Astronomia, da Química, da Paleontologia e de tantas outras áreas encarnam no planeta a fim de contribuírem para a evolução do pensamento intelectual e da compreensão dos mecanismos que regem a vida orgânica. Mas, a ciência não tem a última palavra, ela avança conforme as suas possibilidades no tempo e no espaço. Nenhuma revelação vem antes da hora, porque sabem as inteligências diretoras do nosso orbe, que um foco de luz intenso pode cegar, ainda mais, as crianças espirituais que somos.

  Todavia, hoje já é possível perguntar aos que se intitulam materialistas: de que matéria você está falando? Como diz Emmanuel, “o materialismo se esvai por falta de matéria”. Niels Bohr, Max Planck, Heisenberg – patriarcas da Física Quântica – através de seus experimentos, observaram um átomo de hidrogênio com o seu núcleo e um elétron girando em torno dele. Viram, então, algo como uma bolinha de gude colocada no centro do gramado do Maracanã, representando o núcleo, e um grão de poeira na cadeira mais distante, sinalizando os movimentos do elétron. Desta forma, concluíram que existe mais espaço do que matéria "sólida".

    Neste cenário, no início do século XX, Einstein briga com a Física Quântica por rejeitar a Teoria do Éter ao considerá-la "mágica". Apesar das dissensões, ambas as correntes passam a trabalhar, mesmo a contragosto, em sistema de cooperação. Einstein, a seu turno, dá prosseguimento à descoberta de Maxwell e diz que luz é matéria, uma vez que, nela, identifica massa – corpúsculos que o gênio chamou de fótons. E as ondas eletromagnéticas? Bem, são responsáveis por conduzir esses corpúsculos. Muitos físicos clássicos se abismaram: como alguma coisa pode ser onda e matéria ao mesmo tempo? Fizeram uma experiência e comprovaram. 

  Vem, pois, Max Planck e diz, aprimorando o raciocínio de Einstein: “Se luz é matéria, matéria também é luz”; isto é, da mesma forma que ondas eletromagnéticas se comportam como matéria, átomos também se comportam como ondas. Einstein não aceitou.

   Niels Bohr fez, então, a seguinte experiência: preparou um anteparo e nele jogou elétrons. E, assim, pensou - "nos lugares onde houver buracos, os elétrons vão passar, onde não houver, eles vão bater e voltar". O que aconteceu? Todos passaram. O elétron se comportou como onda. Alguém, em seguida, teve a ideia de retirar o anteparo e fazer um elétron se chocar com outro. E aí, ele se comportou não mais como onda, e sim, como partícula. O elétron é matéria ou energia?
O elétron é, ao mesmo tempo, partícula e onda. A natureza dual da matéria. Quando se coloca um desafio de partícula, ele vira partícula; se é colocado um desafio de onda, ele vira onda. Mas, suponhamos que ninguém olhe ou imponha desafios ao elétron, o que aconteceria? Os cientistas intuíram que o comportamento do elétron dependeria da observação; ou seja, aquilo que era tido como absolutamente objetivo passou a depender do ponto de vista do observador. Quem vê interfere no objeto observado e pode ver, inclusive, aquilo que quiser. A Física Quântica chegava no "pedi e obtereis", "buscai e achareis", "batei e abrir-se-vos-á" ( Jesus).

   Einstein, depois, cria a equação basilar da Teoria da Relatividade: Energia=matéria. No plano material, pensava-se que a velocidade da luz era a mais rápida condutora de partículas, todavia, na realidade do átomo, a Teoria da Relatividade não funciona. Heisenberg descobre, adiante, que se tentasse medir a velocidade do elétron, ele não conseguiria saber onde o elétron está, e se tentasse saber onde o elétron está, ele não conseguiria saber a velocidade do mesmo. A trajetória do elétron é, até agora, indecifrável. Nasce, portanto, o Princípio da Incerteza. Einstein não aceita e, pela sua visão de um Deus do século XIX, diz que o Criador não joga dados com o universo e afirma que, se o Princípio da Incerteza estivesse certo, a informação seria transmitida milhões de vezes acima da velocidade da luz, contrariando a nossa ideia de espaço. Em verdade, a Teoria da Relatividade explicava a gravidade, mas não explicava nada sobre o átomo.

   Em 1982, tentam fazer o “emanharamento quântico” – unir dois elétrons. Quando um elétron gira para direita, o outro gira para esquerda. Se um muda a sua posição de giro, o outro muda também. Na trajetória, eles se encontram. Como um elétron fica sabendo da mudança do outro? A luz, por exemplo, demora algum tempo para chegar em Siriús, levando-se em conta sua trajetória e distância. O elétron não. Se estiver conectado com outro, qualquer mudança, aqui, repercute no outro em Siriús. Conexão que não respeita espaço. Na Física, recebeu o nome de "conexão não local", feita numa velocidade bilhões de vezes maior do que a da luz. Solidariedade é, portanto, uma lei da Física. Como Deus seria Onisciente e Onipresente se houvesse espaço para Ele? O Criador sempre chegaria atrasado – o que não é o caso.

   Como se vê, “lei divina e lei natural são a mesma coisa”. Estudar o Evangelho e os elementos da tabela periódica é o mesmo que estudar Deus. Estamos mergulhados no Fluído Cósmico Universal – a matéria-prima do pensamento divino, segundo André Luiz – e Nele vivemos e nos movemos, como peixes no oceano (Paulo de Tarso).

  Fica a pergunta: por que tanta intolerância se a solidariedade é um impulso da Natureza, e a matéria, transitória, já dá indícios da vida extrafísica?

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