O
homossexualismo é uma questão profundamente humana sob os aspectos psicológicos
e instintivos de seres espirituais, que se encontram na posição biológica de
mamíferos sensíveis à procura do equilíbrio entre os pólos - masculino e
feminino - da vida. A criatura, quando esculpida, em essência, pelo sopro
vital, recebeu o ânimo que lhe mostrou a eternidade e o desafio de alcançar a
cosmo-visão para voltar a ser Um com o
Pai, como no princípio. O homo
sapiens que se revela homossexual ao mundo fere pontos de vista, todavia
caminha, lado a lado, com as perfectivas leis da Natureza, que submetem o
indivíduo ao constante ajuste de energias animalizadas no aparelho material.
Alegam os
teólogos analíticos que Deus criou o homem e a mulher para que ambos, tão-somente,
pudessem multiplicar a espécie e, nessa
base fechada, as relações entre pessoas do mesmo sexo seriam uma transgressão
ao Plano Divino, pois flertam com a impossibilidade natural da fecundação. Faz-se
mister, porém, salientar que a Humanidade, em termos quantitativos, cresce a
passos acelerados e, hoje, o planeta Terra abriga mais de 8 bilhões de
habitantes. À luz dos fatos, fica óbvio que os homossexuais, jamais, puseram em
risco a ascensão da taxa de natalidade, e a renovação cíclica da vida terrestre
acontece conforme as pretensões do Criador.
Não
existe na consciência uma voz que defina o sexo como uma atividade meramente reprodutiva,
porque o reencontro para procriação entre os seres é uma necessidade
incontrolável da raça. Estabelecida essa força arrebatadora, os homens sentem-se
no direito de buscar a beleza e o mistério das afinidades, isentos de qualquer
tipo de dívida ética.
Em sua obra genial, o psicanalista Carl Gustav Jung
utilizou-se de um olhar microscópio e de uma percepção espiritual para
encontrar as imagens psíquicas que se movem perdidas no inconsciente coletivo,
absolutamente enfermo. O que nos falta? Segundo Jung, o laço entre animus e
anima – a conciliação do masculino com o feminino no espírito imortal. Pobres
de nós que ainda vemos o sexo como a oposição de dois órgãos genitais...
Aos olhos
dos que desejam ver, há uma coletividade doente que combate a compaixão. A
verdadeira discussão religiosa deveria ser: como acender a chama interna do
homo demens e fazê-lo preencher o vazio existencial provocado pelo ódio? Jesus nos falou de um Deus com características
maternais, que ama, perdoa, acolhe e ensina. Bem diferente da concepção
patriarcal, vingativa e sádica do Velho Testamento. No código da criação,
constam os arquétipos masculino e feminino. Deus é Pai e Mãe ao mesmo tempo.
Para que os homens façam valer as palavras do Cristo – “vós sóis deuses” – é
preciso que a balança da psique mantenha, em equilíbrio, as virtudes de ambos
os sexos – isto é, o reencontro interno e perfeito da dualidade, a união
desconhecida, inclusive, pela maioria heterossexual que abandona seus filhos e
protagoniza cenas de violência no lar.
A sociedade cria, facilmente, o ridículo na vida alheia e
represa a facticidade do seu estupor. Nos casos de homofobia, há sobre
palanques sacerdotes que pregam a perseguição religiosa, enquanto, abaixo, no
meio do povo, o Psicoterapeuta de todos os tempos, com enorme senso de justiça,
continua perguntando: “Por que vês tu, pois, o argueiro no olho
do teu irmão, e não vês a trave no teu olho?”
Os
religiosos cristãos que se julgam peritos do espírito de Deus esquecem algo
fundamental: o cristianismo é a doutrina do amor inaugurada em todas as letras
dos Dez Mandamentos e consagrada nas parábolas do Sublime Jesus. Nenhuma
interpretação empírica das Escrituras deu ao seu agente a condição de visitar
os recônditos da alma humana para de lá extrair a causa de determinadas
paixões, porque o contato com a Sabedoria Cósmica é experiência transcendental,
intuitiva, mística. O apóstolo João, em sua primeira epístola, deu mostras de
que havia alcançado à Realidade e se desvencilhado do ego-intelectual: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu
irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar
a Deus, a quem não viu?
Nisto o evangelista é admirável: demonstra que a Divindade imprimiu
em cada ser a Sua Luz e Nela se faz presente em todos os filhos adorados. Nunca
esteve tão certa a saudação budista: “Eu saúdo o Deus que existe dentro de
você”. O Pai permanece único, mas a exemplo do sol vibra em infinitas direções.
O triunfo da fraternidade ocorrerá quando todos os homens enxergarem a Imago Dei[1]
em seus semelhantes.
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