quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Uma visão sobre a homossexualidade

   O homossexualismo é uma questão profundamente humana sob os aspectos psicológicos e instintivos de seres espirituais, que se encontram na posição biológica de mamíferos sensíveis à procura do equilíbrio entre os pólos - masculino e feminino - da vida. A criatura, quando esculpida, em essência, pelo sopro vital, recebeu o ânimo que lhe mostrou a eternidade e o desafio de alcançar a cosmo-visão para voltar a ser Um com o Pai, como no princípio.  O homo sapiens que se revela homossexual ao mundo fere pontos de vista, todavia caminha, lado a lado, com as perfectivas leis da Natureza, que submetem o indivíduo ao constante ajuste de energias animalizadas no aparelho material.
   Alegam os teólogos analíticos que Deus criou o homem e a mulher para que ambos, tão-somente, pudessem multiplicar a espécie e, nessa base fechada, as relações entre pessoas do mesmo sexo seriam uma transgressão ao Plano Divino, pois flertam com a impossibilidade natural da fecundação. Faz-se mister, porém, salientar que a Humanidade, em termos quantitativos, cresce a passos acelerados e, hoje, o planeta Terra abriga mais de 8 bilhões de habitantes. À luz dos fatos, fica óbvio que os homossexuais, jamais, puseram em risco a ascensão da taxa de natalidade, e a renovação cíclica da vida terrestre acontece conforme as pretensões do Criador.
    Não existe na consciência uma voz que defina o sexo como uma atividade meramente reprodutiva, porque o reencontro para procriação entre os seres é uma necessidade incontrolável da raça. Estabelecida essa força arrebatadora, os homens sentem-se no direito de buscar a beleza e o mistério das afinidades, isentos de qualquer tipo de dívida ética.
   Em sua obra genial, o psicanalista Carl Gustav Jung utilizou-se de um olhar microscópio e de uma percepção espiritual para encontrar as imagens psíquicas que se movem perdidas no inconsciente coletivo, absolutamente enfermo. O que nos falta? Segundo Jung, o laço entre animus e anima – a conciliação do masculino com o feminino no espírito imortal. Pobres de nós que ainda vemos o sexo como a oposição de dois órgãos genitais... 
  Aos olhos dos que desejam ver, há uma coletividade doente que combate a compaixão. A verdadeira discussão religiosa deveria ser: como acender a chama interna do homo demens e fazê-lo preencher o vazio existencial provocado pelo ódio? Jesus nos falou de um Deus com características maternais, que ama, perdoa, acolhe e ensina. Bem diferente da concepção patriarcal, vingativa e sádica do Velho Testamento. No código da criação, constam os arquétipos masculino e feminino. Deus é Pai e Mãe ao mesmo tempo. Para que os homens façam valer as palavras do Cristo – “vós sóis deuses” – é preciso que a balança da psique mantenha, em equilíbrio, as virtudes de ambos os sexos – isto é, o reencontro interno e perfeito da dualidade, a união desconhecida, inclusive, pela maioria heterossexual que abandona seus filhos e protagoniza cenas de violência no lar.
     A sociedade cria, facilmente, o ridículo na vida alheia e represa a facticidade do seu estupor. Nos casos de homofobia, há sobre palanques sacerdotes que pregam a perseguição religiosa, enquanto, abaixo, no meio do povo, o Psicoterapeuta de todos os tempos, com enorme senso de justiça, continua perguntando: Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho?” 
   Os religiosos cristãos que se julgam peritos do espírito de Deus esquecem algo fundamental: o cristianismo é a doutrina do amor inaugurada em todas as letras dos Dez Mandamentos e consagrada nas parábolas do Sublime Jesus. Nenhuma interpretação empírica das Escrituras deu ao seu agente a condição de visitar os recônditos da alma humana para de lá extrair a causa de determinadas paixões, porque o contato com a Sabedoria Cósmica é experiência transcendental, intuitiva, mística. O apóstolo João, em sua primeira epístola, deu mostras de que havia alcançado à Realidade e se desvencilhado do ego-intelectual: Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?
  Nisto o evangelista é admirável: demonstra que a Divindade imprimiu em cada ser a Sua Luz e Nela se faz presente em todos os filhos adorados. Nunca esteve tão certa a saudação budista: “Eu saúdo o Deus que existe dentro de você”. O Pai permanece único, mas a exemplo do sol vibra em infinitas direções. O triunfo da fraternidade ocorrerá quando todos os homens enxergarem a Imago Dei[1] em seus semelhantes.




[1] Imagem de Deus, em latim

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