Hoje, eu lhe vejo todo
vestido de branco, com um halo de luz dourada a iluminar sua face serena como
os raios da estrela solar que banham os girassóis no campo. Que prazer imenso
me invade só pelo pressentimento da sua chegada, silenciosa, tranqüila e benfazeja.
Aos poucos, aprendo que ninguém, neste mundo, pode se privar das dores.
Todavia, os sofrimentos, graças à Misericórdia Divina, têm os remédios para
serem cuidados. Aqui estou, querido amigo, no mesmo lugar, e jamais inerte. Os
meus pensamentos voam. Tenho necessidade de transcender. Ouvir a mensagem da
Cruz. Sonhar com as galáxias. Vislumbrar as constelações. Chegar ao espaço
sideral sem o transporte das naves, pois o espírito me basta. No entanto, para
isso, preciso encarar as agruras da Terra, perambular pelo solo árido, matar
fome e sede, curar feridas, compreender o mistério do amor...
Os choros que escuto
não relatam nenhum décimo daquela melancolia, a que você enfrentou. Enquanto,
muitos doutores da ciência adquirem, parcialmente, a sabedoria se afastando da
ignorância e criando urticárias ao verem os ignorantes, você – benemérito da
paz – encarou a tarefa hercúlea de levar a caridade onde só existia a guerra.
Suas roupas perderam o alvor... Que importa? Por méritos celestiais, as dores
que você ajudou a amenizar pesam na balança da justiça e o fazem merecer cada
brilho presente em sua aura.
Meu Deus, não consigo
imaginar com riquezas de detalhes: o zunido das balas, o estrondo dos canhões,
a sombra infernal dos aviões-caças, a explosão de mísseis, o pavor no fronte de
batalha e as quedas fatais. Por maior que seja o meu esforço, somente quem
viveu pode, deveras, explicar. Não havia tempo para alucinógenos, a realidade
era crua e quente; tinha cheiro de pólvora. E você, missionário da cura, mesmo
pregando a trégua e coberto pelo matiz que simboliza o Espírito Santo, pensou
no bem comum, sem acusar os doentes que matavam e morriam.
Bendito guerreiro, que
venceu o negrume da guerra para conhecer a verdadeira liberdade, livre de interesses
econômicos, geográficos e religiosos! No instante em que os soldados se
transformavam em corpos mutilados, sob o pretexto da glória dada aos patriotas, o
senhor enxergou o universo, como pátria, e viu a atividade dos espíritos
socorristas em favor das almas ainda em catarse.
Salve a filosofia
milenar do Oriente, que ensina aos homens, de boa vontade, a cuidarem de todos
os seres vivos. Entorpecidos pelo dinheiro, os dirigentes das nações poderosas
desconhecem o valor das missões humanitárias. Exploram os recursos esgotáveis
do planeta e pregam a competição voraz, na qual poucos vencem e multidões são
derrotadas. Quanta miséria domina essas consciências saturadas pela
intelectualidade! Falta-lhes sentimento, o mesmo que recomendou Jesus, quando pediu
a Pedro: “apascenta as minhas ovelhas”.
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