segunda-feira, 3 de março de 2014

Homenagem espiritual

   Hoje, eu lhe vejo todo vestido de branco, com um halo de luz dourada a iluminar sua face serena como os raios da estrela solar que banham os girassóis no campo. Que prazer imenso me invade só pelo pressentimento da sua chegada, silenciosa, tranqüila e benfazeja. Aos poucos, aprendo que ninguém, neste mundo, pode se privar das dores. Todavia, os sofrimentos, graças à Misericórdia Divina, têm os remédios para serem cuidados. Aqui estou, querido amigo, no mesmo lugar, e jamais inerte. Os meus pensamentos voam. Tenho necessidade de transcender. Ouvir a mensagem da Cruz. Sonhar com as galáxias. Vislumbrar as constelações. Chegar ao espaço sideral sem o transporte das naves, pois o espírito me basta. No entanto, para isso, preciso encarar as agruras da Terra, perambular pelo solo árido, matar fome e sede, curar feridas, compreender o mistério do amor...

  Os choros que escuto não relatam nenhum décimo daquela melancolia, a que você enfrentou. Enquanto, muitos doutores da ciência adquirem, parcialmente, a sabedoria se afastando da ignorância e criando urticárias ao verem os ignorantes, você – benemérito da paz – encarou a tarefa hercúlea de levar a caridade onde só existia a guerra. Suas roupas perderam o alvor... Que importa? Por méritos celestiais, as dores que você ajudou a amenizar pesam na balança da justiça e o fazem merecer cada brilho presente em sua aura.


  Meu Deus, não consigo imaginar com riquezas de detalhes: o zunido das balas, o estrondo dos canhões, a sombra infernal dos aviões-caças, a explosão de mísseis, o pavor no fronte de batalha e as quedas fatais. Por maior que seja o meu esforço, somente quem viveu pode, deveras, explicar. Não havia tempo para alucinógenos, a realidade era crua e quente; tinha cheiro de pólvora. E você, missionário da cura, mesmo pregando a trégua e coberto pelo matiz que simboliza o Espírito Santo, pensou no bem comum, sem acusar os doentes que matavam e morriam.

  Bendito guerreiro, que venceu o negrume da guerra para conhecer a verdadeira liberdade, livre de interesses econômicos, geográficos e religiosos! No instante em que os soldados se transformavam em corpos mutilados, sob o pretexto da glória dada aos patriotas, o senhor enxergou o universo, como pátria, e viu a atividade dos espíritos socorristas em favor das almas ainda em catarse.

  Salve a filosofia milenar do Oriente, que ensina aos homens, de boa vontade, a cuidarem de todos os seres vivos. Entorpecidos pelo dinheiro, os dirigentes das nações poderosas desconhecem o valor das missões humanitárias. Exploram os recursos esgotáveis do planeta e pregam a competição voraz, na qual poucos vencem e multidões são derrotadas. Quanta miséria domina essas consciências saturadas pela intelectualidade! Falta-lhes sentimento, o mesmo que recomendou Jesus, quando pediu a Pedro: “apascenta as minhas ovelhas”.


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