segunda-feira, 24 de agosto de 2015

E ainda permanecemos na luta inglória para revolucionar o mundo sem transformarmos a nós mesmos...

...Se as superestruturas de poder de um país adoecem, é sinal de que há algo de errado com as células que as compõem, isto é, os seus cidadãos. Nenhum povo mergulha num regime de corrupção por culpa exclusiva de uma única pessoa. Não é justo crucificar determinada personalidade, em particular, numa pátria na qual as instâncias do Legislativo e do Judiciário estagiam, igualmente, nas mesmas mazelas éticas.
   Clamamos todos por novos políticos, sem o vício do dinheiro e de ideias megalomaníacas. Mas, de onde eles virão? Das famílias? Das universidades? Das casas religiosas? Será que essas instituições encontram-se saudáveis? Será que a educação que recebemos nelas está calcada em bases morais? Por ventura, nesses redutos, é ensinado que a nossa felicidade não pode ter como alicerce a miséria dos outros? As academias do mais alto pensamento científico e filosófico instigam os seus adeptos a conhecerem a si mesmos? E no lar, aprendemos a lidar com as emoções ou somos cooptados a reagir como feras acuadas a fim de sobrepujar o semelhante?
  Pensamos muito em coerção, combate a impunidade, assinatura de protocolos, normas rígidas e renegamos a fonte natural dos problemas: as relações pessoais – das quais ninguém pode escapar. A causa dessa deterioração não é misteriosa ou o imprevisto de um Big Bang. As ideologias monolíticas estão em processo de falência, pois fracassaram ao tentar desmembrar o homem, arrancando-lhe o patrimônio do sentimento para jogá-lo no poço do materialismo político e, pasmem, religioso, como se a competição voraz fosse superior a um sistema de solidariedade. Nessa perspectiva egoísta, renova-se tudo o que é exterior, mas, intimamente, os homens permanecem os mesmos... Então, nada mudará.
   Que tipo de violência pode resolver tamanha crise moral numa época de armas químicas e teleguiadas? Seria prudente que o povo abandonasse os salvadores da pátria que vendem facilidades, o fundamentalismo de qualquer ordem e procurasse os andarilhos notáveis e anônimos que entenderam a necessidade de se doar ao próximo. Não há mais espaço para discursos, revestidos com o véu humanista, todavia inspirados no ódio.

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